Povo Tembé realiza primeira Feira Criativa Tawari dentro do território

Evento abre as portas da aldeia para apresentar produções artesanais e fortalecer a economia indígena com protagonismo comunitário.

 

A Feira Criativa Tawari será realizada no dia 8 de novembro, de 8h ao meio-dia, na aldeia Tawari, localizada na Terra Indígena Alto Rio Guamá (PA). A iniciativa tem como objetivo fortalecer a cultura e o empreendedorismo indígena, promovendo a circulação de saberes tradicionais e a comercialização de produções como biojóias, adornos, artefatos, tecelagens e outros itens feitos pelas artesãs e artesãos locais. O evento é aberto ao público, incluindo pessoas não indígenas, que são convidadas a participar como forma de troca cultural e valorização da diversidade dos povos originários.

 

Segundo Rafael Tembé, um dos organizadores da feira, esta edição marca um momento histórico para a comunidade. “É a primeira vez que realizamos uma feira específica aberta ao público aqui dentro de nossa aldeia. Representa nossa estreia enquanto espaço de exposição e comercialização de nossas produções dentro do nosso próprio território. Essa iniciativa nos permite divulgar nossos trabalhos a partir de nossa própria vivência, sem precisar sair da aldeia para mostrar quem somos.”

 

Ele destaca que a feira é também um espaço de afirmação cultural e identidade do povo Tembé:

“Os produtos que serão apresentados e comercializados são uma forma de mostrar que o povo Tembé tem suas próprias características, modos de fazer e expressões diferentes de outros povos. Queremos que as pessoas de fora conheçam nosso artesanato, nossos adereços e um pouco do jeito de ser e viver do nosso povo.”

 

Rafael explica, ainda, que o público encontrará, além das produções tradicionais, momentos artísticos e culturais dentro da programação. O músico Renato Rosas fará uma apresentação especial com composições com parceria aos indígenas, também haverá lançamento de ebook digital e vendas de produtos agroecológicos do projeto OCAS, iniciativa parceira do evento.

 

“Quem visitar poderá esperar novidades e uma experiência próxima da nossa cultura. Teremos apresentações musicais e parceiros que também trabalham com bioeconomia, como o projeto de produção de mel de abelhas nativas que estarão à venda. É uma troca que fortalece nosso território e mostra que nossa economia tradicional é viva.”

 

ABERTURA PARA NÃO INDÍGENAS + INSCRIÇÃO

A realização da feira também nasce como um gesto de construção de pontes culturais. Para Rafael, abrir o território à presença de visitantes não indígenas fortalece o diálogo e ajuda a superar barreiras históricas.

“Esse evento é importante não só para divulgar nossa arte, mas também para criar relações de respeito. Nós temos vizinhos e pessoas próximas que ainda carregam preconceitos, e a feira é uma forma de mostrar que o encontro é possível. Queremos que indígenas e não indígenas possam conviver com consciência e reconhecimento mútuo.”

 

Formulário de inscrição está disponível aqui.

 

Sobre a privacidade dos dados

As informações pessoais coletadas no formulário são utilizadas exclusivamente para organização interna e segurança da aldeia. O fornecimento do CPF e da declaração de antecedentes criminais (não obrigatório) é uma medida de proteção ao território, garantindo que a Feira seja um espaço seguro e respeitoso para todos os participantes.

 

ACESSO À ALDEIA

O local central das atividades será a ramada, espaço coletivo dentro da aldeia que só foi possível sua reconstrução pelo edital de Fomento À Circulação De Projetos Culturais – Política Pública Nacional Aldir Blanc (PNAB), na categoria cultura indígena: “A ramada é o ponto-mãe da nossa comunidade. É onde realizamos nossos rituais, reuniões e acolhimentos. É o lugar onde a aldeia se reconhece enquanto coletivo e também onde incentivamos nossa juventude a participar da vida comunitária. Por isso, abrir a ramada ao público é uma forma de recepção respeitosa, mas também de afirmação do que somos.”

 

O acesso à aldeia pode ser feito a partir dos municípios mais próximos. A comunidade está localizada a aproximadamente 23 km de Capitão Poço e a cerca de 15 km de Garrafão do Norte, que são as principais referências para quem vem de outras regiões. A partir dessas cidades, o trajeto final é realizado por estrada de chão, com um percurso de cerca de 6 km até a aldeia Tawari. As informações completas de chegada serão orientadas por mensagem após a confirmação da inscrição no formulário.

 

Para garantir a organização e a segurança da comunidade anfitriã, a participação na feira requer preenchimento de um formulário de inscrição. O cadastro permite o controle de acesso e reforça o compromisso com um espaço acolhedor e respeitoso a todos. “Estamos disponibilizando uma ficha de inscrição para quem quiser participar, tanto como uma forma de convite quanto de monitoramento do público que chega até a aldeia. Isso faz parte da nossa proteção territorial e da convivência responsável.”

 

A Feira Criativa Tawari é uma iniciativa da comunidade Tembé da Terra Indígena Alto Rio Guamá e nasce como estratégia de fortalecimento cultural, geração de renda e valorização dos modos de vida tradicionais do povo Tembé. Realizada dentro do território, a feira reafirma o protagonismo das artesãs e artesãos indígenas e promove a circulação de saberes ancestrais em diálogo respeitoso com visitantes. Mais do que um espaço de comércio, a feira consolida um ambiente de troca cultural, aproximação e reconhecimento dos povos originários, reforçando o direito de apresentar seus próprios processos, expressões e territorialidades em primeira pessoa.

 

SERVIÇO

Feira Criativa Tawari
Data: 8 de novembro de 2025
Horário: 8h às 12h
Local: Aldeias Tawari Teneteha Tembé– Terra Indígena Alto Rio Guamá (PA)
Participação: aberta ao público indígena e não indígena
Inscrições: Via Formulário Google.

Redes sociais: https://www.instagram.com/aldeia_tawari/ 

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