Na última sexta-feira, 24, a Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH) lançou a versão digital da edição especial do Jornal Resistência, intitulada “A COP30 sob o olhar dos povos da Amazônia”. A publicação reúne reflexões, análises e experiências de movimentos sociais, coletivos populares e organizações da sociedade civil que discutem os desafios da crise climática na região amazônica. A edição completa está disponível para leitura e download no Drive.

Produzida em meio à preparação para a COP 30, que será realizada em Belém neste ano, a edição destaca a voz dos territórios amazônicos na luta por justiça climática, direitos humanos e defesa dos modos de vida tradicionais. O evento de lançamento contou com a participação de integrantes dos movimentos sociais, juventudes periféricas, defensores e defensoras de Direitos Humanos, comunicadores populares, ativistas.

Em sua fala no evento, o comunicador Matheus Botelho, integrante da Na Cuia Associação Cultural e que também assinou a revisão textual do jornal, falou da importância da comunicação na luta contra a invisibilidade e silenciamento das narrativas dos povos tradicionais e periféricos da Amazônia.

“A gente sabe que a mídia tradicional é totalmente enviesada e é muito importante que a gente compreenda esse cenário também. A gente viu nesse momento de pré-COP, a cidade de Belém e nossa população sendo pautadas de forma pejorativa, de forma estereotipada, estigmatizada, que existe um grande verde aqui, que não existem pessoas. Eu acho que quando a gente vê um jornal como o Jornal Resistência pautar aqui, o que é de fato esse caminho que a gente vem construindo. Esse caminho que também é feito pelo comitê de defensores dos direitos humanos, que é feito também por todos esses movimentos que vem construindo um outro caminho junto à Cúpula dos Povos, junto a todos esses outros movimentos como a COP das Baixadas, com a COP do Povo, que são movimentos legítimos e são movimentos que buscam trazer novos olhares sobre esse movimento global que pensa esse meio ambiente”, pontuou Matheus.

Para Ricardo Cabano, integrante do Movimento Sem Terra (MST), a escrita é uma ferramenta de extrema importância para a preservação da memória. “A gente perde companheiras e companheiras na luta por violência, falta de assistência à saúde, falta de moradia, por falta de condições melhores de trabalho, por falta de salário bom, enfim, por vários fatores em que o estado deveria nos dar condição melhores. Mas ganhamos quando nos juntamos, quando nós conseguimos construir instrumentos, mecanismos de defesa do território, defesa da memória. Quando a gente consegue ter a capacidade de escrever para construir um histórico, possibilitar que a toda memória fique registrada e isso possibilita que outras pessoas possam ler e acompanhar o que existe, é um ganho histórico fundamental para o nosso povo”, frisou.

A publicação é composta pelos artigos: 1. Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), 2. Cúpula dos Povos, 3. Cúpula das Infâncias, 4. Juventude Indígena, 5. Na Cuia, 6. Comitê dos Defensores e Defensoras de Direitos Humanos, 7. COP das Baixadas, 8. COP do Povo, 9. Hip Hop Pai d’égua.

“Esta edição é uma forma de afirmar que os povos da Amazônia têm voz, têm palavra e têm o direito de participar das decisões sobre o clima. É o olhar dos territórios sobre um debate global que precisa ouvir quem está na linha de frente da defesa da vida e da natureza”, destaca a equipe do Jornal Resistência.

Sobre o Jornal Resistência

Criado em 1978, durante a ditadura militar, o Jornal Resistência nasceu como um instrumento de comunicação popular vinculado à SDDH, comprometido com a defesa dos direitos humanos e da liberdade de expressão.

Premiado quatro vezes com o Prêmio Vladimir Herzog, o jornal segue até hoje como referência da imprensa alternativa amazônica, mantendo viva a missão de fortalecer as vozes dos povos da floresta e denunciar as injustiças sociais e ambientais.

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Texto: Lírio Moraes, Na Cuia, com informações da SDDH.