Outubro é mês de luta: Movimento de Luta Antimanicomial do Pará intensifica ações contra as Comunidades Terapêuticas
O mês de outubro ganha contornos de forte mobilização e resistência no campo da saúde mental. Em Belém, o Movimento de Luta Antimanicomial do Pará (MLA-PA) protagoniza a Campanha Nacional Contra as Comunidades Terapêuticas (CTs), uma articulação que reúne usuários e usuárias, trabalhadores e trabalhadoras, pesquisadores e pesquisadoras, além de militantes dos campos antimanicomial, antiproibicionista e abolicionista penal.
O movimento reivindica a retirada das Comunidades Terapêuticas das políticas da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) e do Ministério do Desenvolvimento Social, além do fim do financiamento público para esses equipamentos. As CT´s são criticadas por reproduzirem práticas manicomiais, operando a partir de uma lógica punitivista, moralista e excludente. Em sua maioria, estão isoladas dos centros urbanos, dificultando o contato dos internos com a comunidade e retomando o modelo de segregação social historicamente combatido pela Reforma Psiquiátrica Brasileira.

Esses espaços, voltados principalmente para o campo de álcool e outras drogas, têm sido alvo de inúmeras denúncias de violações de direitos humanos, incluindo violências físicas e psicológicas, maus-tratos, torturas e mortes.
Em contraponto, os coletivos defendem o redirecionamento dos recursos públicos para os serviços do SUS e do SUAS, fortalecendo os dispositivos criados pela Reforma Psiquiátrica, como os CAPS, as Unidades de Acolhimento e os Serviços Residenciais Terapêuticos. Essas iniciativas sustentam um modelo de cuidado em liberdade, territorializado e centrado no sujeito, em diálogo permanente com a comunidade.
Com a bandeira de luta por um cuidado em liberdade, o MLA-PA convida o público para duas agendas que compõem a programação da Campanha, são elas:
- Estreia do documentário “Enclausurados pelo Capital: Uma Luta Antimanicomial” (YouTube/ @AnaFaleiroo) no dia 08 de outubro, às 12h.
 
A produção audiovisual é fruto de um trabalho militante que resgata a história da luta antimanicomial em Belém, destacando os desafios da implementação da Reforma Psiquiátrica e os impactos dos desmontes nas políticas públicas. A produção aborda o crescimento das CT´s e o retrocesso representado por esses espaços, por meio de relatos de usuários e profissionais que seguem resistindo ao avanço da lógica manicomial, medicalizante e mercantil da saúde mental.
2. Ato público no Auto do Círio, no dia 10 de outubro, às 18h30, ponto de encontro: Igreja do Carmo.
O Movimento convoca coletivos, usuários, profissionais da RAPS, militantes e a sociedade civil para uma panfletagem no Auto do Círio, manifestação cultural e artística realizada na sexta-feira que antecede a procissão do Círio de Nazaré. O objetivo é dialogar com a população sobre a atual situação da saúde mental no Pará e denunciar os “novos manicômios”, reafirmando o compromisso histórico com o cuidado em liberdade. Além de demarcar um lugar de luta e resistência que dá cara a Campanha que nacionalmente ganha as ruas na luta por uma sociedade sem manicômios.
Informações da rede @mlapaoficial